***Juliana Guimarães, oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
O diabetes é uma doença causadora de uma série de alterações na saúde, como a retinopatia diabética, que, segundo o Ministério da Saúde, pode acometer até cerca de 35–40% dos portadores, dependendo do tempo de doença e do controle glicêmico. A entidade estima que pessoas com diabetes tipo 1 têm risco maior de desenvolver retinopatia proliferativa a partir de 20 anos de doença e que até 90% terão algum grau de retinopatia ao longo da vida. Já no tipo 2, o edema macular diabético — que compromete a região central da retina — pode afetar cerca de 20–25% dos pacientes após 15 anos de diagnóstico. As sociedades médicas promovem a campanha do “Novembro Azul” também para alertar sobre os riscos oculares e comorbidades associadas ao diabetes.
O grande problema é que muitos brasileiros com diabetes sabem da existência da retinopatia diabética e dos riscos, mas não mantêm o hábito de consultas periódicas com oftalmologistas para avaliar a saúde ocular. Estudos nacionais e internacionais apontam que sete em cada dez portadores não realizam exames oculares de rotina, aumentando o risco de perda visual — algo que seria evitável com acompanhamento regular.
Uma pesquisa publicada pela Revista Oftalmológica Brasileira alertou que 80% dos participantes do Programa de Saúde da Família (PSF) não conheciam os exames necessários para diagnóstico e que 65% nunca haviam realizado fundoscopia, exame básico para identificar a doença precocemente.
A retinopatia diabética decorre de alterações nos vasos sanguíneos da retina. Eles podem se tornar tortuosos, permeáveis ou obstruídos, prejudicando a circulação e levando à falta de oxigênio e nutrientes na retina — camada responsável por captar a luz e convertê-la em sinais elétricos enviados ao cérebro.
A retina é extremamente importante para a visão, pois tem a função de captar a luz e convertê-la em sinais elétricos do nervo óptico para o cérebro, formando a imagem. A doença está diretamente ligada ao descontrole glicêmico: a glicose elevada compromete os vasos da retina, tornando-os frágeis e suscetíveis a vazamentos e obstruções. O alerta vale para todos com diagnóstico de diabetes, independentemente do uso de insulina.
Quem tem diabetes pode identificar os primeiros sintomas conforme a patologia evolui, apresentando visão embaçada, turva ou dupla, percepção de luzes piscando, halos ao redor das luzes, manchas escuras, pontos flutuantes no campo de visão, dificuldade para perceber cores, aparente vermelhidão ocular, pressão ou dor — sinais que, sem tratamento, podem levar à cegueira.
O diagnóstico requer exame de fundo de olho (fundoscopia) e outros, como a tomografia de coerência óptica e a angiofluoresceinografia. O médico avalia a presença e gravidade do edema macular e sinais de isquemia ou proliferação de vasos anormais.
A consulta periódica é necessária para essa avaliação e ainda permite descobrir outras condições perigosas e silenciosas, como o glaucoma. Deve-se recordar que retinopatia diabética e diabetes não têm cura. A recomendação é o diagnóstico precoce, tratamento adequado e adoção de hábitos saudáveis, incluindo atividade física, alimentação equilibrada, controle de peso e abandono do cigarro.
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