O retinoblastoma é um câncer que acomete a retina, a camada responsável por transformar a luz em impulso elétrico e se tornar imagem. Segundo o Ministério da Saúde, a doença representa cerca de 3% dos casos de cânceres infantis, registrando uma média de 400 diagnósticos por ano, sendo o tipo de tumor ocular mais comum da infância, e segundo mais comum em todas as idades.
Até 90% dos diagnósticos são feitos nos primeiros três anos de vida, porém podem ocorrer até os 5 anos. Nos casos com história familiar positiva, o diagnóstico é feito com 8 meses, nos casos bilaterais 12 meses, e nos unilaterais 24 meses.
O caso de retinoblastoma brasileiro mais conhecido ainda é o da filha do jornalista e apresentador, Tiago Leifert, descoberto no segundo semestre de 2021, quando Lua tinha menos de um ano. De caráter bilateral, atualmente, ela possui três anos, está bem, segue em tratamento e, segundo o pai, vive uma vida normal, dentro do possível, frequentando a escola.
Desde a descoberta, Tiago e a esposa, Diana, incentivam a conscientização sobre a doença e os sintomas com a campanha “De olho nos olhinhos”.
O retinoblastoma possui cura e o diagnóstico rápido e assertivo ajuda nessa probabilidade, chegando a 90%, se realizado precocemente. O Ministério da Saúde aponta que até 50% dos casos acontecem de maneira tardia, restringindo as chances de cura.
A doença começa na retina e causa um efeito chamado “olho de gato”, com aparência brilhante e esbranquiçada, sendo percebida, principalmente, ao tirar fotos. Pode parecer estranho, mas sair com os olhos vermelhos em uma foto, tirada com flash, é uma situação considerada normal, muito vista sobretudo, na época das câmeras analógicas, contudo, aparecer com os olhos brancos ou muito escuros, não.
A situação é a principal forma dos pais identificarem que algo está errado, mas não a única, afinal, outros sintomas são estrabismo, olho preguiçoso, globo ocular maior que o normal, dor e redução da visão. O pediatra realiza o teste do olhinho ainda na maternidade, porém é verificado apenas se o reflexo é normal. Como a alteração pode parecer apenas mais tarde, é muito importante a avaliação pelo oftalmologista ainda no primeiro ano de vida. Na avaliação do oftalmologista, faz-se o mapeamento de retina, em que vasculha-se procurando mesmo lesões menores ou periféricas, as quais não produzem a alteração do reflexo visto em fotos ou no teste do olhinho.
Após a investigação, é possível definir o diagnóstico e iniciar o tratamento, variando conforme as características de cada caso, o tipo da patologia encontrada e o grau de avanço.
A laserterapia, crioterapia, quimioterapia e radioterapia são as alternativas mais usadas para controle, muitas vezes, podendo ser combinadas para um melhor resultado, porém, nem sempre, são suficientes. Em ocorrências graves, a solução pode ser a retirada do globo ocular para impedir o avanço do tumor pelo corpo.
O retinoblastoma deve ser levado à sério, pois impede a criança de enxergar, sendo necessária atenção com fotos e vídeos, assim como, manter uma rotina de consultas a um oftalmologista ainda no primeiro ano de vida para diagnósticos precoces dessa e de outras condições comprometedoras da qualidade da visão.
*** Juliana Guimarães, oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
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