***Juliana Guimarães, oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
A catarata é bastante conhecida como uma doença ocular muito comum entre idosos, porém, infelizmente, a população desconhece que também acomete jovens e, até mesmo, crianças, sendo necessários cuidados diversos para prevenir a cegueira ainda na juventude.
A patologia é o processo de opacificação do cristalino, a lente interna do olho (não na parte frontal), tornando-o esbranquiçado. A condição provoca sintomas como embaçamento progressivo da visão, diminuição do contraste, sensibilidade à luz, visível opacidade do cristalino e dificuldade para focar objetos. Estrabismo e nistagmo podem aparecer secundariamente em cataratas densas na infância por privação visual, mas não são sintomas diretos da catarata em adultos. Em estágio avançado, pode levar à perda importante da visão.
O motivo para catarata em bebês e crianças está diretamente ligado a fatores como hereditariedade, possíveis infecções contraídas pela mãe durante a gravidez — como a rubéola —, doenças genéticas como a Síndrome de Down, distúrbios metabólicos, diabetes, traumas ou lesões oculares logo após o nascimento.
Quando o bebê nasce com o problema, é considerado uma ocorrência congênita, normalmente identificada ainda na maternidade através do teste do olhinho que, quando alterado, gera um reflexo anormal, esbranquiçado, em vez da cor vermelha. Em outros casos, a observação dos pais em relação à falta de contato visual indica algo errado, sendo necessária uma consulta oftalmológica.
Algumas crianças apresentam catarata prejudicando a visão a ponto de reclamarem de desconforto, mudarem comportamento e demonstrarem atraso na evolução motora — consequência da baixa visão não tratada.
A catarata é uma das patologias oculares responsáveis por grande parte dos casos anuais de cegueira; contudo, o processo é reversível, desde que diagnosticada e tratada a tempo. Os pais e responsáveis devem ter atenção à saúde ocular dos filhos, mantendo consultas oftalmológicas periódicas, principalmente quando há casos de doenças oculares na família, indicando uma predisposição genética.
O tratamento infantil não é exatamente o mesmo que o do adulto, embora envolva o procedimento cirúrgico para remoção do cristalino opaco. Em crianças, o manejo é mais complexo: pode envolver o uso de lentes de contato ou óculos após a cirurgia, além de tratamento intensivo para prevenir ou corrigir a ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”, quando o cérebro ignora a imagem de um olho pela falta de desenvolvimento visual adequado.
A recomendação é uma intervenção o quanto antes, pois alguns casos requerem o uso de lentes de contato ou óculos antes do implante da lente intraocular. Os mesmos também serão usados depois da operação, sendo as lentes recomendadas para bebês com menos de dois anos.
É importante explicar que o grau residual da cirurgia é corrigido através do uso dos óculos ou lentes. Assim, fatores como o crescimento do globo ocular provocam alterações na refração, e os ajustes são frequentes para adaptar a necessidade da criança ao seu desenvolvimento.
Outra técnica possível é a terapia de oclusão com o uso de tampão no olho bom para estimular o funcionamento do olho acometido. Os cuidados necessários e o acompanhamento médico oftalmológico propiciam maior qualidade de vida e conforto para um crescimento adequado e um desenvolvimento completo.
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