Uma córnea sem alterações tem o formato esférico, ou seja, acompanha o globo ocular. Já quem é acometido pelo ceratocone sofre uma irregularidade nessa parte do olho: a córnea fica em formato de cone.

Cerca de 5 em cada mil pessoas no mundo sofrem desse mal. Ele aparece durante a adolescência e é degenerativo. Mas sempre surge a pergunta: O ceratocone tem cura?

Nos últimos anos, os avanços da Medicina aumentaram as opções de tratamento, e cada vez menos pessoas precisam passar por transplantes de córnea.  O transplante tem indicação precisa, envolve uma série de cuidados e riscos. Logo, só é indicado como último recurso.

A seguir, vamos entender melhor o que é o ceratocone e quais são algumas das opções de tratamento disponíveis. Boa leitura!

O que é o ceratocone

A região central do seu olho vai ficando fina e enfraquecida, o que permite o desenvolvimento do formato de cone, fazendo com que você enxergue de forma distorcida (o que chamamos de “baixa acuidade visual”).

Isso acontece porque o formato irregular prejudica a incidência ideal da luz, causando ainda alto grau de astigmatismo (diferentes curvaturas na córnea), dor de cabeça e fotofobia. Na maior parte dos casos, o ceratocone acomete os dois olhos. São raros os casos em que ocorre em apenas um olho.

Normalmente, o problema surge na adolescência e progride lentamente nos anos que seguem. Alguns fatores de risco aumentam a possibilidade de a doença aparecer:

  • Hereditariedade.
  • Hábito de esfregar os olhos.
  • Alergias oculares, principalmente quando também são hereditárias.

Além disso, a doença tem maior incidência em pessoas de origens árabe e asiática, e indivíduos com síndrome de Down.

No seu exame de rotina, seu oftalmologista vai verificar a presença de ceratocone. Ele faz isso colocando luzes e observando a incidência delas na córnea, além de outros métodos.

Mas afinal, o ceratocone tem cura?

O ceratocone não tem cura. As opções de tratamento e controle do problema, porém, são bastante eficazes. Elas variam de acordo com os estágios da doença e a situação de cada paciente. Confira abaixo quais são:

Lentes de contato e óculos

Em fases iniciais do ceratocone, é possível corrigi-lo com lentes de contato e óculos. Em vários pacientes, essa medida tem a capacidade de melhorar as irregularidades e oferecer visão mais satisfatória.

As lentes costumam ter resultados melhores do que os óculos. Sua recomendação depende da opinião de um especialista e pode variar em tipo – sendo lentes gelatinosas ou rígidas, por exemplo. Isso depende do estágio do problema.

Todavia, conforme as fases do ceratocone avançam, o uso dos óculos e das lentes não corrigem de forma eficaz a alteração.

Implante do Anel Intracorneano

Dentre os tratamentos para o ceratocone, destaca-se o implante de um anel intracorneano (Anel de Ferrara) no interior do tecido da córnea. A cirurgia é pouco invasiva e apresenta baixo índice de rejeição, sendo também uma opção de tratamento para quem não tem nenhuma tolerância ou, muitas vezes,  tem pouca tolerância às lentes de contato rígidas e que não tenham também boa visão com os óculos.

Esta opção é para pacientes que têm o ceratocone em estágio mais avançado. Desenvolvida no início dos anos 1990, a técnica mudou o cenário de tratamento da doença. Esse trabalho teve participação fundamental do Dr. Ricardo Guimarães, do Hospital de Olhos de Minas Gerais.

Confira abaixo o vídeo no qual ele explica um pouco sobre o tratamento:

O anel intracorneano ou intraestromal é um segmento corneal produzido sinteticamente, que tem a capacidade de interromper o avanço do ceratocone. Ele foi desenhado para alterar a morfologia anteriormente irregular da córnea, fazendo-a voltar ao poder de refração mais próximo ao normal.

Para isso, o anel é inserido cirurgicamente na córnea do paciente. O procedimento tem o menor índice de complicações dentre os utilizados para controlar o ceratocone e milhares de pessoas pelo mundo já se submeteram a ele.

Lembrando, pois, que o anel intracorneano não cura o ceratocone. Ele é uma forma de melhorar a visão e diminuir as chances de progressão e pode haver a necessidade de que ele também seja usado em conjunto com os óculos e as lentes de contato.

Crosslinking

Crosslinking é um tratamento recente que aumentou bastante as opções para o ceratocone, especialmente no caso de a pessoa ou alguém da família ter um quadro mais avançado.

Se você sofre de ceratocone e estiver apto a fazer o procedimento, conheça o procedimento: o médico pinga uma substância chamada riboflavina na sua córnea e depois estimula o globo ocular com uma luz ultravioleta para que as ligações entre as células corneanas aumentem e se fortaleçam.

Pronto! As chances de a doença progredir são diminuídas consideravelmente. O Crosslinking previne a córnea de se enfraquecer mais e se tornar irregular, além de melhorar a qualidade da visão.

Transplante de córnea

Esta é a solução de última instância para o ceratocone, só recomendada para quem realmente não tem outro recurso terapêutico disponível.

Ainda assim, 70% dos transplantes de córnea que se realizam no mundo são efeitos do ceratocone. Isso mostra a necessidade de estar em dia com os exames de rotina e ter sua visão tratada por um especialista. A detecção precoce é a maneira mais eficaz de cuidar, corrigir ou controlar problemas na visão.

Conclusões: Ceratocone tem cura?

O ceratocone, como dito, não tem cura. Mas existem tratamentos muito eficazes que permitem que a sua qualidade de vida não seja prejudicada. Para ter acesso a técnicas com melhores resultados, é importante consultar um médico especialista.

Se você sente que há algo errado com a sua visão, a equipe de profissionais do Hospital de Olhos está capacitada a encontrar as melhores alternativas e soluções para o seu problema. Entre em contato!

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