*** Juliana Guimarães, oftalmologista e diretora do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães

A evolução tecnológica é um alento e esperança para pessoas com problemas de saúde, inclusive aquelas que perderam a visão devido a condições, como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Uma das últimas novidades em pesquisa para tratamento e possível resgate parcial da visão está nos implantes de prótese retiniana, conhecidos popularmente como “olho biônico”.

O chip é uma tecnologia de prótese retiniana, mas não é indicado para DMRI típica. Os modelos estudados têm como foco principal doenças hereditárias da retina, como a retinite pigmentosa. Existem linhas de pesquisa avaliando dispositivos para DMRI, mas ainda não há um tratamento estabelecido para essa doença. Ele funciona através de um microchip implantado sob ou sobre a retina para tentar restaurar uma visão limitada em pessoas com perda grave de fotorreceptores.

Dezenas de pessoas nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Holanda e Itália já passaram por implantes experimentais, incluindo estudos na Universidade de Bonn, na Alemanha. Os pesquisadores relataram que parte dos pacientes apresentou melhora em tarefas visuais simples, como percepção de luz, localização de objetos e reconhecimento de formas. No entanto, não há evidência que esses dispositivos proporcionam uma leitura fluida de textos longos, visão de detalhes finos ou acuidade visual próxima da normal — a melhora é funcional, porém limitada.

O procedimento é complexo, uma vez que coloca o chip, com poucos milímetros de extensão, sobre ou abaixo da retina (dependendo do modelo). Contudo, para funcionar, necessita de uma aparelhagem externa — geralmente um óculos com câmera e um processador portátil.

O sistema utiliza a câmera acoplada ao óculos, que captura as imagens e as converte em sinais elétricos enviados ao chip. O processo estimula as células remanescentes da retina e transmite a informação visual ao cérebro. Ainda assim, trata-se de uma visão artificial básica e muito diferente da visão natural.

O funcionamento é inspirado no da própria retina, que possui células fotorreceptoras sensíveis à luz, responsáveis pela detecção e envio dos impulsos através do nervo óptico até o cérebro, formando a imagem.

A DMRI é uma doença ocular de característica progressiva, provocando perda da visão central ao atingir a mácula — área central da retina. A condição é mais comum após os 60 anos, devido ao envelhecimento e desgaste celular.

Vale ressaltar que a degeneração macular é definida como seca ou úmida. A primeira é mais comum, caracterizada pelo afinamento gradual da mácula. Já a forma úmida, mais grave, envolve crescimento de vasos anormais que vazam fluido e sangue.

Os sintomas incluem perda gradual da visão central, linhas retas que parecem tortas ou onduladas, manchas escuras centrais, dificuldade para ler e para reconhecer rostos. A forma seca tende a evoluir lentamente.

O diagnóstico é feito com exame de fundo de olho e pode ser complementado por exames como a tomografia de coerência óptica (TCO). O tratamento depende das características do caso e inclui injeções intravítreas (para a forma úmida), suplementação específica para determinados estágios da forma seca e mudanças de hábitos com dieta saudável e proteção ocular adequada contra radiação solar. A falta de cuidados aumenta o risco de perda visual. Os resultados experimentais das próteses retinianas mantêm a esperança, mas ainda não representam uma solução ampla ou disponível clinicamente para DMRI.

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