A denominação pode até parecer pomposa, contudo, a Neurovisão, nada mais é que  a ciência que estuda o processamento das informações captadas pelos olhos. Os sinais luminosos do ambiente passam pela córnea e o cristalino e são projetados sobre a retina. O mais interessante e curioso desse processo é que as informações são transformadas em sinais eletroquímicos e o nervo ótico os conduz para as partes do cérebro responsáveis pela formação das imagens e também para outras regiões do sistema nervoso central. O processo acontece em milésimos de segundo, proporcionando a sensação de instantaneidade da visão, estimulando o interesse em saber como funciona a neurovisão.

É, exatamente por isso, que a boa visão depende do funcionamento correto ocular, podendo ser comparado a um computador, com seus componentes e circuitos. Assim, o processamento no cérebro seria o software, ou o programa de visualização. A verdade é que a visão é uma habilidade cerebral abrangente, pois provê, aproximadamente 70% de todos os inputs sensoriais ao cérebro, em que as 32 áreas corticais, relacionadas à visão, processam informações vinculadas ao contraste, cor, movimento, direcionamento, texturas, tridimensionalidade, contextualização e memorização, entre outros aspectos.

O interessante e instigante da terapêutica neurovisual é funciona com o uso de filtros espectrais (em óculos ou lentes de contato) ou lâminas de sobreposição para leitura, contribuindo com a reorganização visual, permitindo que a pessoa consiga retomar funções básicas, manter o equilíbrio durante a caminhada ou ler livro sem se cansar facilmente. A prescrição do tratamento para cada indivíduo é realizada por profissional habilitado.

Entendeu o porquê do conhecimento sobre esse processo ser essencial? Afinal, tradicionalmente, os oftalmologistas se dedicam mais ao estudo e tratamento de doenças ou problemas oculares. Por outro lado, a Neurovisão foca nas condições neurossensoriais de condução dos estímulos fotoquímicos, os sistemas integrados corticais, as redes neuronais e os outros processos cerebrais e subcorticais, analisando ainda os possíveis distúrbios nesse complexo sistema.

Dessa forma, quanto mais você entender sobre Neurovisão, melhor será para contribuir com a identificação desses problemas, entre parentes, amigos e estudantes em geral. O desconhecimento ainda é grande entre médicos e educadores e, assim, há quase 20 anos, a Fundação dos Olhos investe em cursos, congressos e eventos a respeito da Neurovisão, no Brasil, incluindo a formação de screeners.

Um screener é um profissional da saúde e/ou educação habilitado a identificar alteração do processamento neurovisual, frequente em pessoas com dificuldade de aprendizagem.

O Brasil já possui cerca de dois mil screeners nas mais diversas regiões e a Fundação segue ministrando o curso para ampliar esse número. As dificuldades de aprendizagem são decorrentes de diversos motivos, inclusive oculares, situação para a qual, infelizmente, os educadores normalmente não são preparados. Por isso, é crucial você aprender o que for necessário para contribuir com uma melhor aprendizagem e inclusão estudantil sua ou de qualquer outra pessoa.

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